“Estrangeiras”, de José Luís Peixoto

COPRODUÇÃO BAAL17 E CLARA PASSARINHO NO ÂMBITO DO PROJETO SALTO 2023

Brasil, Cabo Verde, Portugal: três mulheres, três mundos. Para além das situações concretas, das referências familiares ou exóticas, há os paradigmas, as metáforas. A partir de tudo isso, nascem as perguntas. Os mal-entendidos são os casulos que geram essas borboletas. No tempo da sala de espera, as perguntas batem as asas no silêncio até que alguém lhes tente responder.

A quem pertence o mundo? Qual é a complicação de sair de um país e entrar noutro país? Desejar e lutar por uma vida melhor faz parte da natureza humana. Todas as pessoas são estrangeiras para alguém. E tu? Lê estas palavras em que língua? És estrangeiro para quem?

Texto: José Luís Peixoto I Encenação: Clara Passarinho I Interpretação: Andreia Galvão, Letícia Sá Pinheiro, Juliana Tavares I Desenho de Luz: Mauro Hermínio I Apoio à criação: Mauro Hermínio I Cenografia: Fabrice Ziegler/Baal17 I Fotografia: Fabrice Ziegler/Baal17 I Vídeo: Nelson Canhita/Videoplanos

Agradecimentos: Teatro Estúdio Fonte Nova, Camila Filipa

Classificação etária_ M/12 anos I Duração_ aprox. 60 mn

 

Quanto ADN pode ter um passaporte?

Quando nos provocam normalmente damos um passo atrás do susto. Talvez seja o que é necessário para entrar neste universo com palavras grandes e tantas histórias por trás. Dar um passo atrás e observar a imagem que se forma ao longe. Quanto ADN pode ter um passaporte? Como pomos uma vida numa mala? O que deixamos para trás? Ao ler o texto “Estrangeiras” de José Luís Peixoto percebi que podia ser um bom ponto de partida para fazer esta viagem no mundo da migração e da identidade. Lili, Isabella e Rosário, de malas e corações nas mãos, aguardam que chamem o seu nome na sala de espera do Serviço de Fronteiras dos Estados Unidos da América. E nós esperamos com elas. Nesta peça a linguagem é a ponte e o ponto de rutura. Durante o processo de ensaios tornou-se claro que era importante falar direito e saber conjugar, mas também gritar e cantar. O que é ser português, brasileiro, cabo-verdiano? Quais as nossas expectativas para nós e para os outros? Estas 3 mulheres mais do que migrantes são estrangeiras para os que as irão receber nesta nova terra como umas para as outras. Em “Estrangeiras” vamos ver o que acontece quando descalçamos esta bota. Quão frio pode ser o chão.

Clara Passarinho